quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Resenha: Luna, Natura


Além dos perfumes gustativos que encheram as prateleiras das perfumarias nos últimos anos, outra onda tomou força: a dos chipres modernos.

A combinação de frutas, flores e patchuli rendeu alguns perfumes maravilhosos que exalam pelas ruas do planeta e logo cada marca correu atrás de criar a sua fragrância que se encaixe na categoria. 

Confesso que muitos deles seguem tão de perto sua inspiração olfativa que se tornam repetitivos e dispensáveis. Felizmente não é o caso de Luna, que consegue se destacar por uma fragrância relativamente exclusiva e de boa qualidade por um preço razoável.

Lançado em 2014, seu requinte começa pelo frasco de design diferenciado, feito em moldes de argila, e que traz inspiração nas curvas femininas.

Ao borrifá-lo em minha pele, sinto uma deliciosa mistura de cítricos em excelente harmonia. Tangerina, bergamota e toranja trazem uma explosão de frescor com leve doçura e embora pareçam potencialmente etéreos, mantêm-se por toda a evolução do perfume.

Outra estrela de Luna que já chega logo para marcar lugar é o patchuli. Aqui ele não é tão terroso, mas traz peso em contraste com os cítricos.

Após cerca de meia hora o coração floral começa a aparecer de uma forma harmônica e bem trabalhada, dando corpo a fragrância sem dominá-la.

Embora sejam listadas duas variedades de rosa na pirâmide olfativa oficial (Turca e Damascena), sinto apenas um leve toque delas, sem trazer em demasia o aspecto seco que frequentemente sinto em perfumes com essas notas.

Os jamins (Sambac e Egípcio) são as flores predominantes, trazendo sensualidade com classe em meio aos cítricos, patchuli e toque de rosas.

Acho incrível como essas notas são distinguíveis de maneira fácil, sinal de um trabalho bem feito, com matérias de boa qualidade.

Após cerca de oito horas, com Luna já rente à pele, cedro e vetiver são agora as notas dominantes, com ares reconfortantes, mas ainda assim elegantes.

Com total de incríveis dez horas (!!!!) de fixação e projeção que varia de ótima a média ao longo da evolução, é uma jóia da perfumaria nacional e chama a atenção por seu bom desempenho e qualidade.

Talvez você diga que já conhece muitos perfumes com as notas de Luna e até pode achá-lo parecido aqui e acolá com alguns deles, mas ao meu ver ele conseguiu manter uma identidade própria em meio a tanta "concorrência" surgindo todos os dias no mercado.


domingo, 20 de setembro de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenha: Womanity Eau Pour Elles


Sempre ouvi lendas sobre Womanity e sua fragrância peculiar, amada por um seleto grupo e odiada em grande escala. Foram meses e meses até que eu conseguisse enfim borrifá-lo em minha pele e para minha sorte (e felicidade) entrei no seleto grupo de amantes.

Na época infelizmente não pude comprá-lo e logo em seguida ele entrou em extinção nas lojas brasileiras, mas minha vontade de tê-lo em minha coleção persistiu. Garimpando por aí, encontrei uma versão que pelas notas me pareceu até mais atrativa (oi, morango!) e com um preço camarada, me joguei!

Lançado em 2012, Womanity Eau Pour Elles veio como uma versão mais leve e diria até mesmo que mais comercial da lançada anos antes. O frasco segue a tendência icônica da fragrância-mãe, com seus rostos e correntes, além do inconfundível líquido em rosa.


Em contato com minha pele, logo sinto a doçura amarga emanando de figos esmagados ainda verdes. Essa nota em alguns momentos me lembra fumaça de cigarro por algum motivo que não consigo entender, mas dura pouco e logo, do figo, sinto só a polpa. 

Misturada aos figos, a maresia emana leve e gélida, numa sensação refrescante, como um vento gelado ao amanhecer em frente ao mar. 

Morangos aqui são tão naturais e refrescantes que posso sentir como se os tivesse acabado de morder.

Um pouco menos voluptosa que a fragrância tradicional, mas com personalidade forte e única, Womanity Eau Pour Elles traz uma junção de diversas camadas de notas que aqui e ali se destacam e somem estrategicamente.

Sua fixação é a esperada de um Mugler, passando das dez horas e sua projeção, ao meu ver, é a perfeita para chamar atenção sem sufocar ou incomodar demais. 

Excelente aquisição para os amantes da versão tradicional e ao mesmo tempo uma releitura bacana para aqueles que se sentiram intimidados anteriormente. Recomendo!


domingo, 6 de setembro de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenha: Mugler Cologne


Desde que iniciei a coleção de perfumes, a fragrância sobre a qual falarei hoje esteve entre as que eu mais tinha curiosidade em conhecer. Por ser descontinuada no Brasil, era super difícil de encontrar, até que um belo dia a achei numa perfumaria e, mesmo sem provar, me joguei para comprar.

Lançada em 2001, a Colônia Mugler vem na verdade na concentração EDT e foi pensada para o uso unissex.

Suas principais facetas, na minha opinião, são o fato de ser uma colônia que vende e entrega uma experiência verdadeiramente unissex, atraindo homens e mulheres, além de misturar ingredientes que de certa forma já se encontram batidos de uma forma nova e atrativa.


Seu frasco segue design de linhas diferenciadas, assim como todas as fragrâncias da casa, mas aqui passa um ideia mais sóbria e "clean". O líquido verde complementa a alma de Mugler Cologne e traduz bem o que encontramos ao usá-la: notas cítricas e verdes.

Borrifando na minha pele, logo é evidente a presença de limão, aqui como uma limonada levemente adoçada, em contraste com néroli amargo e o petigran verde. Todas essas notas explodem juntas, mas ao contrário do que poderia ser uma "bagunça de cheiros", estão em total sintonia e formam um acorde delicioso e tão natural que poderia ser trazido pela brisa de um dia no campo.

As notas da abertura permanecem consideravelmente intensas por duas horas e só após esse período se acalmam. Embora intensas, elas não chegam a incomodar devido a leveza e naturalidade que possuem. 

Após esse período, as notas que anteriormente dominavam praticamente somem e surge uma delicada e refrescante flor de laranjeira com suas nuances cítrico-amargas em junção com um almíscar limpo e sóbrio.

Tão encantador acorde permanece por mais cinco horas (algumas horas mais na roupa) e traz uma sensação de paz, bem estar e conforto. Aliás, confortável é a palavra que eu usaria para descrever a Mugler Cologne de forma geral.

Excelente criação que merece ser conhecida e apreciada por homens, mulheres e todos que gostam de um bom perfume para todas as horas.

sábado, 5 de setembro de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenha: Alien The Taste Of Fragrance

Após um mês de agosto corrido e atribulado que me forçou a dar um pausa com as resenhas do blog, estou de volta para continuar falando à vocês sobre meus amados cheiros. Primeiramente darei continuidade ao especial dedicado à casa Thierry Mugler! Vamos lá?


Alien é um perfume poderoso, sensual e inebriante. As facetas grandiosas de notas aparentemente simplórias fizeram do alienígena Mugler um sucesso em suas versões EDP (resenha aqui) e EDT (resenha aqui).

Com a coleção especial Taste of Fragrance, uma nova faceta da fragrância foi explorada: a gustativa. 

Mas como tornar um perfume tão singular em algo que dê água na boca e que não perca sua essência? Vou lhes contar nas próximas linhas.


O frasco de Alien Taste of Fragrance é lindo! Totalmente transparente, com detalhes dourados no borrifador e líquido na cor do ingrediente que trouxe um toque novo e ousado: o caramelo amanteigado.

Ao borrifá-lo na pele, um explosão de jasmim surge imponente, tomando conta do ambiente e das narinas. Essa nota já é familiar (e marca registrada) na linha, mas aqui ela vem acompanhada de um caramelo bem diferente, que traz a doçura e cremosidade aliadas a nuances levemente salgadas.

Isso funciona muito bem em duas frentes: primeiramente quando acalma o jasmim que para muitos é excessivo nas outras versões de Alien; em segundo lugar, não transforma a fragrância naqueles velhos moldes gourmand, mas num doce diferente, misterioso e exótico.

Essas duas notas prevalecem na minha pele por cerca de seis horas, quando começa a surgir uma notável, porém delicada madeira de cashmere. Ela é coadjuvante do espetáculo doce floral, e na minha opinião, aparece aqui estrategicamente como referência ao que Alien é em todas as suas versões e não como uma nota realmente significativa.

Ao final de doze horas de intensa projeção e fixação exemplar, o trio de notas entra em segundo plano, dando espaço ao âmbar aconhegante e requintado que fecha com chave de ouro um perfume incrível. Esse doce ambarado é prolongado por mais um considerável tempo que, por fim, finaliza as incríveis dezesseis horas em que ele me acompanha.