domingo, 22 de novembro de 2015

Especial Bom & Barato: Resenha - Get Ready! For Her, Adidas


Certa vez, zapeando pelos grupos sobre perfumes no Facebook, ouvi alguém comentar sobre o quão bom era esse Get Ready! For Her da marca Adidas. Ao pesquisar sobre ele, vi notas que eu gosto bastante em perfumes frescos e logo fiquei com vontade de ter um pra mim. 

Alguns dias depois, encontrei o tamanho de 75ml por menos de 40 reais e não tive dúvidas em comprá-lo.

Sua embalagem é simples, mas ideal para carregar na bolsa, uma vez que é bem fina. Quanto a fragrância, posso dizer que superou minhas espectativas e supera perfumes de proposta parecida com valor bem superior ao que eu paguei.

Logo ao borrifar na pele, sinto uma mistura alegre e deliciosa de melancia bem madura e docinha, laranja com seu toque cítrico leve e romã que traz uma nuance mais azedinha. Essa abertura me lembra um coquetel de frutas que chega a dar água na boca. O fato de ser uma mistura de dirferentes aspectos frutais faz com que ele não seja demasiadamente adocicado e nem enjoativo.

Durante praticamente toda a evolução, a fragrância permanece praticamente inalterada, trazendo apenas após cerca de cinco horas,  um aspecto de limpeza proporcionado pela presença de almíscar chega para se despedir pela última hora.

Para um desodorante colônia, considero uma aquisição certeira para quem busca um perfume fresco, barato e de bom desempenho, tendo em vista a fixação de horas em minha pele e a projeção mediana, que não incomoda ninguém ao redor e te faz sentir perfumado por bastante tempo.

Dica: A fixação é ainda maior nas roupas! 

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Resenha: Lady Million Eau My Gold!, Paco Rabanne


Lembro-me da primeira vez em que senti Lady Million na versão tradicional, infelizmente é o perfume assinatura de alguém que me fez ter trauma da fragrância. Dito isto, demorei a ter vontade de conhecer algo relacionado à pedra dourada de Paco Rabanne

Quando em 2014, Lady Million Eau My Gold! foi lançado, as notas me despertaram a curiosidade, mas não ao ponto de superar meu trauma. Então o tempo passou e uma excelente promoção por fim me convenceu a adquirí-lo. Gratíssima surpresa!

Seu frasco segue as linhas de concepção luxuosa de seu antecessor, agora com o adicional de profundidade, que aumenta conforme a capacidade do frasco.


Quanto à fragrância, observo nesta um apelo mais diurno e alegre, embora possa tranquilamente ser usado em noites mais quentes.

Ao borrifá-lo na pele, sinto imediatamente uma mistura de manga com cítricos e algo levemente "amargo" que creio ser o néroli. Essa abertura é alegre e traz aquela sensação gostosa de luminosidade e frescor, combinando perfeitamente com dias mais quentes.

Após cerca de uma hora, somente a manga permanece, juntando-se à flor de laranjeira e seu aspecto que ao meu nariz permeia entre cítrico e amargo, além de violetas poeirentas. Nessa etapa a fragrância torna-se um pouco mais seca, mas ainda refrescante.

Por fim, cinco horas após o início  de sua evolução, Lady Million Eau My Gold! se torna limpo. A mistura entre sândalo e almíscar de seu fundo, traz uma sensação de limpeza e conforto que permanece por mais duas horas, já rente a pele.

Esse perfume me surpreendeu em dois aspectos principais: a fragrância leve e confortável e seu desempenho ótimo, com projeção mediana e fixação de oito horas.

Talvez os amantes da versão tradicional não se apaixonem tão perdidamente por essa versão, mas para quem procura um bom perfume que une sofisticação e conforto, é uma bela dica.

domingo, 15 de novembro de 2015

Especial Lady GaGa - Resenha: Eau de GaGa 001


Embora goste de Fame, apesar das decepções que ele me causou, fiquei com o pé atrás quando li que Lady GaGa planejava lançar outra fragrância sob seu nome.

Quando Eau de GaGa 001 foi lançado em 2014, li suas notas e imediatamente me atraíram. Então resolvi que logo saísse para venda no Brasil, daria uma chance e compraria um frasco. Foi o que fiz.

Falando em frasco, este é mais sóbrio que na fragrância anterior, mas mantém um ar sofisticado e luxuoso. Aliás, toda a proposta de marketing gira em torno de luxúria e luxo.


O grande diferencial de Eau de GaGa 001 em relação aos demais perfumes de celebridades femininas é a ideia de criar um perfume unissex, algo que nesse nicho nunca foi muito explorado. 

Embora fragrâncias compartilhadas sempre pesem mais para o que se define por masculino ou feminino, considero uma boa aposta que unifica mais um público em torno do produto.

Ao borrifá-lo em minha pele, sinto logo o limão, mas aqui como um refrigerante e não a fruta em si. É tão refrescante quanto encorpado, fazendo com que o normalmente volátil, dure bem mais que o esperado.

Após cerca de dez minutos, junta-se ao limão espumante um talco de violetas que traz requinte e sofisticação. Ele deixa de ser só um cítrico, e passa a ser algo mais clássico. Ele me remete a perfumes masculinos mais tradicionais que usam combinação semelhante, mas não me lembra uma fragrância específica no final.

Essa etapa dura por cerca de duas horas, quando em uma nova guinada, Eau de GaGa 001 se torna um pouco mais encorpado com o destaque da nota de couro. O limão por fim diminui e chega ao ponto de ser uma levíssima nuance, restando então violeta e couro com seus tons poeirento e seco em uma combinação mais fechada.

Não é nada sufocante, mas pode assustar quem está acostumado com notas adocicadas. Essa etapa também tem uma tendência mais dentre conceitos masculinos, mas para meu nariz é ainda perfeitamente unissex.

Ao final, após cerca de quatro horas, o que resta é uma, bem rente a pele, mistura dentre as notas descritas anteriormente e madeiras que reforçam o tom seco.

Com uma projeção mediana ao longo de suas seis horas de evolução, considero Eau de GaGa 001 um perfume de qualidade e que vale muito a pena.

Sua proposta unissex foi concebida e refletida com êxito, se você for levar em conta que não encontrará aqui notas doces e gourmand. Sua sofisticação e versatilidade são pontos altos e sem dúvidas ele vale o investimento. Recomendo!


sábado, 14 de novembro de 2015

Especial Lady GaGa - Resenha: Fame

Lady GaGa surgiu no cenário POP em 2008 com seu álbum "The Fame" e desde então seguiu em uma carreira de hits, tendências musicais e fashionistas. 
Esse final de semana aqui no blog será dedicado a falar sobre as duas fragrâncias lançadas pela cantora. Espero que gostem!


Assim como tudo em sua carreira, Lady GaGa concebeu Fame envolto em forte marketing. Cheio de novidades, foi lançado em 2012 e trouxe duas inovações que foram muito anunciadas à época: o líquido preto e a ausência de pirâmide olfativa dividida tradicionalmente, tendo em cada pele um destaque diferente de notas, algo como um "perfume personalizado".

A ideia central da fragrância era mostrar as facetas da fama, como algo viciante e intoxicante ao mesmo tempo, além de trazer pitadas da personalidade da cantora.

Muito foi especulado em torno de notas e de como seria o resultado final, tudo atiçado por campanha publicitária chamativa e frasco lindamente sombrio.

Quem não acha um charme aquela garrinha dourada e que envolve o frasco oval com seu líquido preto? Por mais bizarro que possa parecer, é encantador, de um jeito dark.


Ao borrifar Fame, vejo logo que todas as notas parecem gostar de minha pele, pois é como uma explosão doce e esfumaçada, mas que não consigo distinguir claramente as notas.

A partir daí uma pirâmide parece se formar e consigo sentí-las se destacarem em diferentes momentos como em um perfume de estrutura usual.

Após a confusão inicial, claramente o damasco bem doce e maduro adoça a fumaça de um incenso meio místico. Realmente algo viciante como imagino de ser a fama, mas não tão diferenciado quanto eu esperava.

Após cerca de uma hora aparecem flores, jasmim é a mais perceptível, mas embora não conheça o aroma da beladona, creio ser ela a companheira dela nessa etapa.

Esse é o momento mais interessante da fragrância para meu nariz. É realmente o que eu esperava aqui. Algo mais exótico, sensual, sombrio e diria até intoxicante como a proposta.

Como nem tudo é perfeito, essa combinação de flores, incenso e damasco dura rápidas duas horas. Uma decepção pro meu olfato!

Sua última etapa, que acontece durante sua última hora de evolução é basicamente composta por mel, como se houvesse derramado diretamente sobre a pele, mas muito sutil.

Fame não é um mau perfume como já li falarem por aí, mas tem desempenho decepcionante pelas notas pesadas que ostenta (fixa apenas quatro horas e tem projeção que varia de mediana à fraca), além de não deixar claro a que veio, ou pelo menos não dar muito tempo para curtir seus melhores momentos.

Não considero um perfume noturno, logo, o uso tranquilamente em dias frios, recebendo até vez ou outra, geralmente após um abraço o questionamento sobre o nome do perfume.

Além das perfumarias, você pode encontrá-lo agora em catálogo. Considero uma compra sábia quando encontrado em bom preço ou caso tenha mais sorte em seu desempenho do que eu, assim como aconselho a dar uma chance e prová-lo sem preconceito.





quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Especial Bom & Barato: Resenha - Mini Sexy, Ulric de Varens

Como nem só de perfumes caros vivemos nós, inauguro hoje aqui no blog essa série especial, onde pretendo mostrar vez ou outra alguns perfumes que são bons para nossos narizes e bolsos. Espero que gostem!


Já tive uma miniatura de Le Premier Parfum da marca francesa Lolita Lempicka e embora amasse aquela fragrância, algo nela era demais para mim. Meu amor pela sua versão masculina, Au Masculin, foi imediata, pois compartilham notas que muito me agradam. Ainda assim, eu desejava encontrar algo que unisse as notas que eu aprecio nas fragrâncias citadas sem o toque misterioso que em demasia me enjoava. Assim começou a minha história com Mini Sexy de Ulric de Varens...

Um belo dia eu passeava despretensiosamente por sites de perfumarias e vi essa linha Mini em um preço irresistível. Ao procurar informações sobre as fragrâncias me deparei com notas muito similares com as daquela maçã encantanda pela qual nutro amor e enjôo. Claro, não pensei duas vezes e me joguei para uma grata surpresa.

Ao visualizar aquele pequeno vidro de aspecto simples, não imaginava que ali dentro havia uma fragrância encantadora e de ótima qualidade.

Ao borrifá-lo na pele, sinto logo alcaçuz dominar tudo em meio ao poeirento toque de violetas. Não é uma abertura que me lembre pó exatamente, mas é bem seca. Também sinto nessa etapa o toque da não citada nota de anis, como aquelas balinhas das antigas. Essa abertura me espantou pela semelhança com o Lolita, mas aqui ela parece mais contida, menos sufocante.

As notas de abertura nunca se esvaem, mas são enriquecidas pelas demais que vão surgindo. Após os dez primeiros minutos, surgem as notas de baunilha e fava tonka que unidas trazem aspecto doce e cremoso. Aqui elas me lembram o coração de Angel Eau Sucrée, Thierry Mugler rodeado de alcaçuz e anis.

Por fim, após sete horas de fixação e projeção mediana (sentida sem esforço), percebo permanecerem na pele as notas de abertura e coração, agora bem menos intensas, acrescidas de um terroso e molhado patchuli, trazendo o famoso "toque de floresta encantada" que tanto faz sucesso na conhecida maçã das fadas.

Posso dizer que, mesmo com suas particularidades (como o toque gourmand mais acentuado e a evolução mais simplificada), Mini Sexy fará a cabeça dos amantes de Le Premier Parfum e poderá atrair fãs que não renderam a ele, assim como eu.


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Resenha: Linha Humor, Natura

Considero a linha Humor um dos maiores acertos da Natura, pois entrega fragrâncias versáteis, urbanas e que embora com um apelo mais jovem, agradam usuários de todas as idades. 

Hoje falarei um pouco sobre os perfumes que possuo da linha e espero ajudar futuros amantes dessas fragrâncias encantadoras.
Humor 1 é de longe a minha fragrância favorita da linha. Embora para muitos possa parecer uma fragrância comum num mar de perfumes com flores e frutas, seu mérito vai para a qualidade das matérias usadas em sua composição (que em momento algum parecem sintéticas ou passam a impressão de "perfume barato") e para o seu desempenho excelente.

Ao borrifá-lo na pele, sinto logo pêra suculenta e um toque azedinho dos cassis. O almíscar e seu "toque de limpeza" também surge aqui e passa aquela impressão de "cheiro de xampú" que ao meu ver o torna versátil e confortável.

Ao longo da evolução a fragrância não muda muito, apenas são acrescidas às notas de abertura um toque sutil de jasmim e um fundo um pouco mais amadeirado do sândalo.

Sua fixação é de impressionantes oito horas em mim e sua projeção varia de intensa nas duas primeiras horas, passando a mediana e ficando mais rente à pele durante a evolução. Mesmo com seu início mais forte, não incomoda e rende sempre muitos elogios.


Humor 5 e eu temos um caso de amor e ódio. Embora eu adore a sua fragrância e considere sua fixação ótima para uma colônia, sua projeção deixa a desejar e transforma o que poderia ser um perfume marcante, em algo mais delicado e aconchegante.

Em contato com minha pele, sinto logo uma explosão de cerejas, morangos e framboesa que estão no auge de sua maturação e doçura. Essas notas trazem consigo um toque meio artificial que me remete logo à xarope infantil (o que pra mim não é ruim, tendo em vista que amo tal cheiro).

Das notas florais listadas oficialmente, não sinto nem vestígio. Após algumas horas surge apenas uma cremosa baunilha que quebra um pouco a monotonia "enxaropada" que reinava desde a abertura.

Antes que alguém pergunte, um perfume que lembra xarope infantil pode sim ser marcante de uma maneira positiva (fiz uma pesquisa e isso foi unânime entre os chegados), mas sua projeção intimista faz dele aconchegante, ideal para aqueles dias frios em que você busca conforto. Uma ressalva vale aqui sobre sua ótima fixação, que chegou a seis horas.

Segundo lugar em meu ranking da linha, Humor no Ar foi uma aquisição descompromissada que me encantou. Embora siga a antiga e aclamada linha de combinação entre flores e frutas, aqui traz um frescor todo alegre e especial para aqueles dias mais quentes e atividades casuais.

É incrível sentir sua abertura rica em frutas e distinguir ali no meio uma boa parte delas. Sinto principalmente cítricos, uma ameixa levemente azeda e um maduro e surpreendente damasco que foi definitivamente o que me fisgou. 

Essa abertura dura por uma deliciosa hora que é sucedida por um coração floral e agradável. Sinto bem distintamente gardênia (flor que muito aprecio em perfumes), um toque de jasmins e presença sutilmente talcada de íris que me remete a um aspecto "geladinho".

Por fim, o que resta na pele com a fragrância já rente é um fundo amadeirado de sândalo e cedro combinado com baunilha aconchegante.

Basicamente, em suas cinco horas de evolução, essa fragrância passa por etapas frutal, floral e amadeirada que trazem conforto e descontração para atividades ao ar livre, programas casuais e dias quentes.


Quando foi lançado, li críticas negativas de várias pessoas sobre Humor Perfeito, mas confesso que embora não seja nenhuma inovação e nem meu favorito da linha, é sim um bom perfume.

Sua abertura é dominada pela junção entre amora, framboesa e mirtilo. Diferentemente do que acontece em Humor 5, aqui elas estão in natura e me parecem deliciosamente maduras.

Essa abertura permanece apenas frutal por pouco tempo, até que entra em cena uma violeta talcadas e "gelada" que me remete aos meus amados Insolence de Guerlain. Claro que passa longe da complexidade destes, mas foi inspirado certeiramente neles, em minha opinião.

Esse "talco" de frutas vermelhas dura por algumas horas exalando de forma mediana, arrancando até elogios por aí. Mais tarde ela dá lugar a um fundo mais adocicado e aconchegante de baunilha e praline.

Com seis horas de fixação e projeção mediana, creio que tenha sido feito para agradar e ao contrário do que li por aí, não achei o mais comum dos perfumes e considero que deve sim ser conhecido e quem sabe amado por você.


Antes de ser mais antenado com perfumes, usei três frascos de Paz e Humor. Lembro que, embora fosse um perfume fresco, era aquilo que eu precisava para me acompanhar por todo o dia de trabalho ou passeio. Hoje, no meu quarto frasco, vejo que perdeu um pouco de sua fixação e projeção, mas continua uma boa lembrança que posso usar em dias mais quentes.

Basicamente, a abertura da fragrância consiste em uma mistura de cítricos com uma levemente amarga flor de laranjeira. Quando essa abertura perde destaque, sinto um coração alavandado que em mistura com as notas anteriores traz conforto e sensação de limpeza e frescor.

Por fim, ao final da evolução de (agora) pobres três horas, resta na pele uma lembrança de lavanda com fundo amadeirado rente à pele.

Agradável, é triste ver que foi reformulado e perdeu sua força, mas ainda é uma boa opção para os cada vez mais quentes verões do nosso país ou para aqueles dias em que você não quer incomodar ninguém e se sentir confortável.



sábado, 3 de outubro de 2015

Resenha: La Vie Est Belle Eau de Parfum, Lancôme


Quando comecei a apreciar perfumes, iniciei também uma saga para encontrar aquela fragrância que "caísse como uma luva" ao meu olfato e que eu me apaixonasse perdidamente ao sentir. Confesso que foi difícil encontrar alguma assim e que no meio do caminho me apaixonei por tantas outras, mas no fim a minha "alma gêmea perfumística" era o encantador La Vie Est Belle da grife francesa Lancôme.

Quando vi seu comercial com a linda Julia Roberts e seu sorriso avassalador a curiosidade bateu alto, mas foi ao comprá-lo (às cegas) que o amor aconteceu. Que perfume!

Lançado em 2012, foi concebido após inúmeros testes de combinações entre notas ao longo de anos, que resultaram em um perfume diferenciado, mesmo estando dentro de um amplo nicho gourmand que está em plena ascenção dentre os lançamentos dos últimos tempos.

A quem esteja lendo pode soar "inadequado" dizer que um perfume de tendência próxima a inumeros outros lançamentos seja diferenciado, mas justifico minha colocação destacando a qualidade impecável das matérias utilizadas em sua composição, seu desempenho invejável em praticamente todas as peles e a principal diferença de todas: a mutabilidade em cada pessoa.

Ao falarmos de La Vie Est Belle com as pessoas que o usam, ouvimos dos mais variados comentários, que vão desde "doce de doer os dentes" até "suave demais", passando por "parece um talco doce" e "só sinto frutinhas adocicadas". Todos esses comentários podem parecer desconexos ao levarmos em conta que são sobre o mesmo perfume, mas mostram como ele se comporta de maneira bem distinta para cada um que o sente. Essa mudança é até normal em toda fragrância, mas as mutações sofridas pelo Lancôme são notórias.

Dito isto, falarei sobre a minha percepção, que pode não ser a de muitas pessoas, mas servirá para algumas pessoas terem certa expectativa ao sentí-lo.


Ao borrifá-lo em minha pele, sinto logo uma mistura suculenta de peras e e groselha preta levemente adocicadas e rodeadas por uma aura de íris, aqui com seu habitual "cheiro de batom", mas sem se sobressair, apenas como segundo plano mesmo. Essa abertura tem projeção mediana e ao longo da meia hora em que prevalece, pode passar uma imagem de perfume inofensivo, até que as notas que realmente constroem a personalidade do La Vie Est Belle dão o ar da graça.

É quase uma explosão! Daquela abertura frutal, surgem de uma vez só fava tonka, baunilha, o incrível e delicioso praline e um ardido, porém secundário patchuli. Trocando em miúdos, a mistura dessas notas me faz lembrar açúcar caramelado com um toque de amêndoas e um fundo levemente ardido, que contrasta com as notas adocicadas e mantém a fragrância equilibrada.

Na lista oficial de notas encontramos jasmim e flor de laranjeira, mas honestamente não as sinto. Creio que fiquem sufocadas pelas demais notas e acabam escapando ao meu olfato. 

Esse coração da fragrância permanece em evidência por longas e excelentes dezoito horas, exalando agora de forma intensa. É incrível o quão longe chega a silagem de La Vie Est Belle e na quantidade de elogios que já recebi ao usá-lo.

As últimas seis horas de vida da fragrância são marcadas por baunilha com uma pegada mais aconchegante e o toque de talco da íris que volta agora dominando. Esse talco doce, embora agora mais contido, ainda exala ao me mexer e é notável quando as pessoas chegam mais perto.

Como disse no início, La Vie Est Belle passa diferentes percepções em diferentes pessoas e por isso é uma experiência praticamente única, entretanto, creio que todas tendem a ser deliciosamente positivas. 

Embalado em um frasco que brinca com a ideia de um sorriso translúcido e ostenta seu lencinho francês no "pescoço", pode ser copiada, parecida, mas é única em sua qualidade, personalidade e em como me faz sentir que realmente a vida é bela.








Aproveito para agradecer a marca de dez mil acessos alcançada na última semana pelo blog, que se tornou não só o meu cantinho, mas o de vocês também! Obrigado por cada visita, cada comentário e por estarem sempre por aqui. 

Um abraço,

Felipi

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Resenha: Luna, Natura


Além dos perfumes gustativos que encheram as prateleiras das perfumarias nos últimos anos, outra onda tomou força: a dos chipres modernos.

A combinação de frutas, flores e patchuli rendeu alguns perfumes maravilhosos que exalam pelas ruas do planeta e logo cada marca correu atrás de criar a sua fragrância que se encaixe na categoria. 

Confesso que muitos deles seguem tão de perto sua inspiração olfativa que se tornam repetitivos e dispensáveis. Felizmente não é o caso de Luna, que consegue se destacar por uma fragrância relativamente exclusiva e de boa qualidade por um preço razoável.

Lançado em 2014, seu requinte começa pelo frasco de design diferenciado, feito em moldes de argila, e que traz inspiração nas curvas femininas.

Ao borrifá-lo em minha pele, sinto uma deliciosa mistura de cítricos em excelente harmonia. Tangerina, bergamota e toranja trazem uma explosão de frescor com leve doçura e embora pareçam potencialmente etéreos, mantêm-se por toda a evolução do perfume.

Outra estrela de Luna que já chega logo para marcar lugar é o patchuli. Aqui ele não é tão terroso, mas traz peso em contraste com os cítricos.

Após cerca de meia hora o coração floral começa a aparecer de uma forma harmônica e bem trabalhada, dando corpo a fragrância sem dominá-la.

Embora sejam listadas duas variedades de rosa na pirâmide olfativa oficial (Turca e Damascena), sinto apenas um leve toque delas, sem trazer em demasia o aspecto seco que frequentemente sinto em perfumes com essas notas.

Os jamins (Sambac e Egípcio) são as flores predominantes, trazendo sensualidade com classe em meio aos cítricos, patchuli e toque de rosas.

Acho incrível como essas notas são distinguíveis de maneira fácil, sinal de um trabalho bem feito, com matérias de boa qualidade.

Após cerca de oito horas, com Luna já rente à pele, cedro e vetiver são agora as notas dominantes, com ares reconfortantes, mas ainda assim elegantes.

Com total de incríveis dez horas (!!!!) de fixação e projeção que varia de ótima a média ao longo da evolução, é uma jóia da perfumaria nacional e chama a atenção por seu bom desempenho e qualidade.

Talvez você diga que já conhece muitos perfumes com as notas de Luna e até pode achá-lo parecido aqui e acolá com alguns deles, mas ao meu ver ele conseguiu manter uma identidade própria em meio a tanta "concorrência" surgindo todos os dias no mercado.


domingo, 20 de setembro de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenha: Womanity Eau Pour Elles


Sempre ouvi lendas sobre Womanity e sua fragrância peculiar, amada por um seleto grupo e odiada em grande escala. Foram meses e meses até que eu conseguisse enfim borrifá-lo em minha pele e para minha sorte (e felicidade) entrei no seleto grupo de amantes.

Na época infelizmente não pude comprá-lo e logo em seguida ele entrou em extinção nas lojas brasileiras, mas minha vontade de tê-lo em minha coleção persistiu. Garimpando por aí, encontrei uma versão que pelas notas me pareceu até mais atrativa (oi, morango!) e com um preço camarada, me joguei!

Lançado em 2012, Womanity Eau Pour Elles veio como uma versão mais leve e diria até mesmo que mais comercial da lançada anos antes. O frasco segue a tendência icônica da fragrância-mãe, com seus rostos e correntes, além do inconfundível líquido em rosa.


Em contato com minha pele, logo sinto a doçura amarga emanando de figos esmagados ainda verdes. Essa nota em alguns momentos me lembra fumaça de cigarro por algum motivo que não consigo entender, mas dura pouco e logo, do figo, sinto só a polpa. 

Misturada aos figos, a maresia emana leve e gélida, numa sensação refrescante, como um vento gelado ao amanhecer em frente ao mar. 

Morangos aqui são tão naturais e refrescantes que posso sentir como se os tivesse acabado de morder.

Um pouco menos voluptosa que a fragrância tradicional, mas com personalidade forte e única, Womanity Eau Pour Elles traz uma junção de diversas camadas de notas que aqui e ali se destacam e somem estrategicamente.

Sua fixação é a esperada de um Mugler, passando das dez horas e sua projeção, ao meu ver, é a perfeita para chamar atenção sem sufocar ou incomodar demais. 

Excelente aquisição para os amantes da versão tradicional e ao mesmo tempo uma releitura bacana para aqueles que se sentiram intimidados anteriormente. Recomendo!


domingo, 6 de setembro de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenha: Mugler Cologne


Desde que iniciei a coleção de perfumes, a fragrância sobre a qual falarei hoje esteve entre as que eu mais tinha curiosidade em conhecer. Por ser descontinuada no Brasil, era super difícil de encontrar, até que um belo dia a achei numa perfumaria e, mesmo sem provar, me joguei para comprar.

Lançada em 2001, a Colônia Mugler vem na verdade na concentração EDT e foi pensada para o uso unissex.

Suas principais facetas, na minha opinião, são o fato de ser uma colônia que vende e entrega uma experiência verdadeiramente unissex, atraindo homens e mulheres, além de misturar ingredientes que de certa forma já se encontram batidos de uma forma nova e atrativa.


Seu frasco segue design de linhas diferenciadas, assim como todas as fragrâncias da casa, mas aqui passa um ideia mais sóbria e "clean". O líquido verde complementa a alma de Mugler Cologne e traduz bem o que encontramos ao usá-la: notas cítricas e verdes.

Borrifando na minha pele, logo é evidente a presença de limão, aqui como uma limonada levemente adoçada, em contraste com néroli amargo e o petigran verde. Todas essas notas explodem juntas, mas ao contrário do que poderia ser uma "bagunça de cheiros", estão em total sintonia e formam um acorde delicioso e tão natural que poderia ser trazido pela brisa de um dia no campo.

As notas da abertura permanecem consideravelmente intensas por duas horas e só após esse período se acalmam. Embora intensas, elas não chegam a incomodar devido a leveza e naturalidade que possuem. 

Após esse período, as notas que anteriormente dominavam praticamente somem e surge uma delicada e refrescante flor de laranjeira com suas nuances cítrico-amargas em junção com um almíscar limpo e sóbrio.

Tão encantador acorde permanece por mais cinco horas (algumas horas mais na roupa) e traz uma sensação de paz, bem estar e conforto. Aliás, confortável é a palavra que eu usaria para descrever a Mugler Cologne de forma geral.

Excelente criação que merece ser conhecida e apreciada por homens, mulheres e todos que gostam de um bom perfume para todas as horas.

sábado, 5 de setembro de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenha: Alien The Taste Of Fragrance

Após um mês de agosto corrido e atribulado que me forçou a dar um pausa com as resenhas do blog, estou de volta para continuar falando à vocês sobre meus amados cheiros. Primeiramente darei continuidade ao especial dedicado à casa Thierry Mugler! Vamos lá?


Alien é um perfume poderoso, sensual e inebriante. As facetas grandiosas de notas aparentemente simplórias fizeram do alienígena Mugler um sucesso em suas versões EDP (resenha aqui) e EDT (resenha aqui).

Com a coleção especial Taste of Fragrance, uma nova faceta da fragrância foi explorada: a gustativa. 

Mas como tornar um perfume tão singular em algo que dê água na boca e que não perca sua essência? Vou lhes contar nas próximas linhas.


O frasco de Alien Taste of Fragrance é lindo! Totalmente transparente, com detalhes dourados no borrifador e líquido na cor do ingrediente que trouxe um toque novo e ousado: o caramelo amanteigado.

Ao borrifá-lo na pele, um explosão de jasmim surge imponente, tomando conta do ambiente e das narinas. Essa nota já é familiar (e marca registrada) na linha, mas aqui ela vem acompanhada de um caramelo bem diferente, que traz a doçura e cremosidade aliadas a nuances levemente salgadas.

Isso funciona muito bem em duas frentes: primeiramente quando acalma o jasmim que para muitos é excessivo nas outras versões de Alien; em segundo lugar, não transforma a fragrância naqueles velhos moldes gourmand, mas num doce diferente, misterioso e exótico.

Essas duas notas prevalecem na minha pele por cerca de seis horas, quando começa a surgir uma notável, porém delicada madeira de cashmere. Ela é coadjuvante do espetáculo doce floral, e na minha opinião, aparece aqui estrategicamente como referência ao que Alien é em todas as suas versões e não como uma nota realmente significativa.

Ao final de doze horas de intensa projeção e fixação exemplar, o trio de notas entra em segundo plano, dando espaço ao âmbar aconhegante e requintado que fecha com chave de ouro um perfume incrível. Esse doce ambarado é prolongado por mais um considerável tempo que, por fim, finaliza as incríveis dezesseis horas em que ele me acompanha.

sábado, 1 de agosto de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenha: Alien Eau De Toilette


Sempre falo e não me canso sobre a capacidade da casa Thierry Mugler em criar flankers que mantêm o DNA das fragrâncias-mãe, dando-lhes porém personalidade própria.

Lançado em 2009, Alien Eau De Toilette continua majestoso e encantador em sua simplicidade com nuances de riqueza e sofisticação.

Seu frasco segue o desenho de seu predecessor, com detalhes em dourado a menos e cor levemente mais clara, sem perder entretanto em sua maravilhosa apresentação.


Se para o Gabriel Villa, em sua resenha da versão EDP (clique aqui), este representava um passeio sob o sol em um mercado do Oriente, a versão EDT me remete a um majestoso jardim dos palácio sob a luz do luar.

Sua abertura é marcada por cítricos que nunca se pronunciam demais, mas trazem leveza, como a brisa levemente gélida que passa por entre as árvores de um pomar e se mistura ao perfume de jasmim desabrochando num jardim noturno.

Em contrapartida ao aspecto gelado, um provocante âmbar exala sensualidade, evocando amantes a passear por esse jardim que aguça sentidos e mexe com sensações.

Os passos em meio a noite trazem no ar o cheiro de madeira úmida, que dá o toque final de mistério a esse jardim palaciano.

Noite se vai e o dia amanhece, mas a fragrância do alienígena, com sua longevidade invejável, perdura exalando aos que te cercam e contando a eles sobre seu passeio por locais de outros mundos.

Embora sob nova perspectiva continua sendo um perfume exótico, que transcende nossa realidade e nos permite usar o olfato como transporte para novas experiências.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenha: Alien Eau De Parfum, por Gabriel Villa


Alien, o perfume majestoso de Thierry Mugler: é assim que começaremos hoje. Aliás, por onde começar quando estamos falando de um perfume assim, tão complexo, grande, que representa tantas coisas? Por um momento eu paro, coloco a cabeça pra pensar e realmente, o que mencionar primeiro? Talvez que é mesmo um perfume majestoso! Um perfume que, se você permitir, vai te levar por uma jornada nas terras quentes das Arábias, te fazer sentir maravilhas e viver intensamente as mil e uma noites de Sherazade.

Eis que, lançando seu perfuminho alienígena nos primeiros anos do novo milênio, Thierry Mugler revoluciona mais uma vez ao trazer uma composição tão simples, porém que causa tanto impacto, que impressiona tanto, e que faz boa parte dos perfumes que cheiramos todos os dias parecerem banais e desinteressantes. Alien é mesmo uma aventura! É desbravar terras longínquas, é sentir as altas temperaturas do Oriente, é se vestir com o poder de um talismã que parece ter sido encontrado em escavações arqueológicas, e que remonta a um passado distante. Ancestralidade num frasco, nos diz Thierry Mugler.


Ao ser borrifado, Alien Eau de Parfum explode em todo um mundo de jasmins: se a marca quer nos trazer um perfume de outro mundo, eles então nos levam a outro planeta. Os jasmins são frescos, mas são pungentes; são voláteis, mas encorpados; parecem ter mil e uma facetas, desde o ligeiro cítrico mentolado que assalta o nariz inicialmente até o aveludado das pétalas puras e o óleo essencial rico que delas escorre. Aqui temos toda uma abertura, pois Alien é mesmo um perfume que sabe fazer uma entrada triunfal. Os jasmins florescem, e desabrocham, e brotam, quando todo o frescor e a ligeira sutileza começam a ser tomadas por um aspecto quente, incensado, que vai ficando cada vez mais mineral, levemente terroso, em todo um banho de âmbar com madeiras. A fragrância, porém, nunca deixa o tom sedoso, e o jasmim continua eternamente lá, revelando-se graciosamente a cada instante de uma forma diferente, mutando-se, castigando quem não o suporta e hipnotizando quem o aprecia. Alien me faz pensar numa grande feira árabe a céu aberto, debaixo do sol, com incensos por todos os lados; mercados, com comércio de óleos perfumados, de tapetes persas, de ricos tecidos; penso também em grandes jasmins aquecidos pelo astro maior, e castelos de sultões com belas dançarinas, comemorações e banquetes. Alien é mesmo um casamento ao melhor estilo oriental, um casamento entre jasmim e âmbar que resultam em um aroma majestoso, que definitivamente nos transporta para além do nosso cotidiano.

Alien é um perfume imperativo, enorme, gigantesco, único. Sua potência é de impressionar, é de acabar com apetites e destruir jantares, é de impor e causar impressão, não se importando se é ela boa ou não. Alien é um perfume, apesar de sua sutileza e sua história, um perfume arrogante e impetuoso, que gruda na pele e não sai mais e projeta ondas poderosas de aroma no ar, o tempo todo. Um dos perfumes mais intensos que já usei, e que realmente, ao usá-lo, me fazem sentir a pessoa mais linda e mais interessante do mundo.

Não tenhais medo, porém. Alien é uma experiência que vale ser vivida; é um perfume que parece que tem vida própria, que não se sabe de onde vem, pra qual direção vai e o que vai fazer no minuto seguinte. É aquele paradigma entre o que dá medo e o que fazemos questão de idolatrar, pois de tão lindo, às vezes nem sabemos entendê-lo. E a repulsa que pode provocar, quando comparada com as sensações extraordinárias que nos trazem, são quase irrelevantes. Deixai o alienígena vos abduzir, e boa viagem.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenha: A*Men


Após trazer o icônico Angel para sacudir o mundo perfumístico, era hora de inovar também no mercado masculino. A casa Thierry Mugler então fez, ao meu ver, uma jogada de mestre juntando notas tipicamente encontradas em perfumes femininos, inclusive em sua própria estrela, e lançando sob um rótulo masculino. Temos aí A*men!

Lançado em 1996, é uma releitura do Angel EDP feminino com adição de notas um pouco mais picantes e frescas para trazer equilíbrio e um ar mais reconhecível dentre fragrâncias rotuladas como masculinas.

Seu frasco é de vidro com uma capa de borracha cobrindo boa parte dele, visível fica apenas uma estrela por onde podemos acompanhar o líquido. Seu borrifador é pouco eficiente, necessitando de cortes na borracha que cobre a região para melhor aproveitamento. Com o passar do tempo também foram criados frascos com capas em outros materiais, como o metal.


Ao borrifá-lo na pele, sinto logo uma intensa mistura de lavanda, coentro e hortelã formando um acorde verde e refrescante ao mesmo tempo. Juntamente, o patchuli dá as caras daquela típica forma "suja" que marca a linha, mas aqui ele está integrado com as outras notas, sem gritar por atenção como na versão feminina.

Essa abertura engana bastante e pode parecer com ela que se trata de um perfume bobo e banal. Mas como nada na casa Mugler é bobo e muito menos banal, após trinta minutos ele mostra a que veio.

Quando as notas iniciais somem, entram em cena leite, mel e caramelo, além das listadas como notas de fundo café e baunilha, formando um acorde que só posso definir como cafeteria. É um café com leite cremoso com aquele toque caramelado que sentimos assim que pisamos em uma. Delicioso!

O patchuli está ali trazendo sua assinatura angelical típica, mas tão diluído em meio as demais notas que nem se destaca demais. Esse coração dura por longas doze horas, fazendo-me deliciar.

Na última fase da evolução resta basicamente o persistente patchuli e um doce atalcado amadeirado (benjoim?? cedro??) que não consigo decifrar bem, mas é muito aconchegante. Esse fundo dura ainda por mais três horas até a despedida final.

Surpreendentemente, em minha pele ele não tem uma projeção monstruosa como vejo relatos por aí, é algo como uma nuvem de perfume ao meu redor, sem invadir o ambiente. Essa característica, juntamente com um patchuli menos presente e destaque maior para notas mais gourmand, o deixa bem mais agradável que Angel.

A*men poderia ser facilmente um perfume feminino ou unissex, mas sendo rotulado como masculino serve para provar que a perfumaria pode sim inovar e lançar notas e estilos tipicamente femininos também para homens e que os homens podem usar perfumes com as notas que quiserem sem pensar muito em rótulos.



sábado, 18 de julho de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenhas: Angel Aqua Chic e Angel Eau Sucrée


Dando continuidade ao especial dedicado à casa Thierry Mugler, trago hoje uma resenha dupla de perfumes em edição limitada, para ocasiões distintas e que compartilham uma característica: são os mais distantes da fragrância tradicional.


Embora a versão Taste of Fragrance (resenha aqui) tenha chegado ao mercado com a proposta de mostrar aos amantes de Angel uma faceta ainda mais gourmand, é a versão Eau Sucrée que traz, na minha opinião, uma identidade verdadeiramente gustativa.

Lançado em 2014, causou uma onda de compras quando chegou em solo brasileiro, esgotando os estoques das lojas que o disponibilizaram rapidamente. Com seu frasco, que segue o modelo do tradicional, em tons de azul mais claro e coberto de pedrinhas que lembram açúcar, não poderíamos esperar algo menos que doçura e mais doçura. Uma água açucarada, como o próprio nome diz.

Ao borrifá-lo em minha pele, sinto logo uma calda açucarada de cerejas, essa abertura poderia ser bem sintética, como sinto em outras fragrâncias, mas aqui ela é deliciosamente realista e dá água na boca. Essa abertura dura meia hora e se torna cada vez mais sutil, como uma leve lembrança ao longo da evolução.

Logo após essa calda sair de evidência, surge dominando tudo a nota que mais se pronuncia durante toda a evolução de Angel Eau Sucrée: o merengue. Aqui essa nota me lembra suspiro caseiro, o que me remete à infância, quando minha tia fazia tabuleiros de suspiro para depois das tardes de brincadeiras. 

Sutilmente, sinto também um acorde de patchuli que muito se assemelha ao usado nos recentes La Vie Est Belle e La Nuit Trésor, ambos da casa Lancôme. Talvez por isso e pela pegada gourmand, tenho lido algumas pessoas relatando semelhanças, que na minha pele se restringem ao uso da nota em questão. Até essa etapa e pelas seis horas que se seguem, a projeção é intensa.

Ao final da evolução, quase sete horas após borrifá-lo, sinto que o merengue fica mais suave e assume o posto de nota dominante a baunilha, aqui adocicada e aconchegante. A projeção cai para mediana e caminha lentamente para ficar mais rente à pele ao longo de mais três horas de evolução.

Com uma proposta gustativa e invernal, Angel Eau Sucrée se distancia um pouco dos acordes comumente utilizados na linha estelar. Isso ratifica o que eu disse em resenhas anteriores sobre a casa Thierry Mugler ter o poder de dar personalidade própria à flankers de grandes sucessos.


Os amantes de Angel querem usar sua estrela brilhante em todas as ocasiões, mas nem mesmo a versão Eau de Toilette (resenha aqui) é das mais indicadas para dias muito quentes. Pensando nisso, a casa lançou uma sequência de flankers de seus maiores sucessos em versões de EDT leves, quase colônias. A que resenharei a seguir será a versão Aqua Chic de 2013.

Seu frasco segue o padrão estelar do tradicional, entretanto a parte inferior vem em tons prateados, que dão um charmoso diferencial e passam um pouco da ideia "fresh" da fragrância contida nele.

Ao borrifá-lo na pele sinto logo uma miscelânea de todas as notas listadas em sua pirâmide olfativa, o que torna a fragrância linear e até mesmo simplória, mas nem por isso menos atrativa. 

Maçã verde aqui é bem realista, trazendo todo aquele frescor de quando descascada e se mistura muito bem a uma levemente adocicada flor de framboesa e um limpo e quase adstringente patchuli. Bem sutil, trazendo algum peso a essa mistura verde/fresca, um acorde de baunilha é a única remota lembrança da fragrância-mãe que sinto por aqui. Até o final da evolução, nenhuma mudança radical é notada e as notas seguem praticamente inalteradas.

Sua projeção é mediana nas três primeiras horas e mais rente à pele pelas quatro horas seguintes. Considero um desempenho bom para um perfume tão leve e fresco.

Amantes mais afoitos do EDP podem considerar que temos aqui uma perda de identidade na linha, mas creio que mesmo se distanciando do tradicional, Angel Aqua Chic é uma ótima alternativa no leque de estrelas Mugler para os dias mais quentes de verão, principalmente aqui no Brasil.  

domingo, 12 de julho de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenha: Angel The Taste Of Fragrance


Existiria uma forma de deixar o "pai" dos gourmands ainda mais gustativo? A casa Thierry Mugler encontrou! 

Em um projeto que reuniu grandes mestres da cozinha francesa para dar sabor aos consagrados e icônicos Angel, A*Men, Alien e Womanity, foram criados pratos inspirados nas fragrâncias e adicionadas a elas, notas que as mergulharam no universo culinário.

Da coleção, possuo Angel e Alien (sobre o qual falarei nas próximas semanas) e posso garantir que dão realmente água na boca!

Angel The Taste of Fragrance (ou Le Gout Du Parfum), foi lançado em 2011 e seu toque gustativo e receitas inspiradas foram criados pela chef francesa Helene Darozze. 

Seu frasco, em tamanho único de 35 ml, é muito lindo! Seu formato me lembra uma pedra preciosa esculpida em forma inspirada na já conhecida estrela gourmand. O tom de azul utilizado e tampa transparente deram um toque ainda mais sofisticado, que permeia toda a criação.


Ao borrifá-lo na pele, sinto logo a nota que reinará absoluta por toda a evolução: o cacau em pó. Essa nota trouxe dois ótimos benefícios à essa fragrância: o primeiro é que o toque amargo e "poeirento" trouxe refinação à sinfonia de notas doces que sinto na versão EDP e o segundo foi ter acalmado o patchuli "sujo" que tanto me incomoda na fragrância-mãe.

Observando a pirâmide olfativa disponibilizada e acompanhando a evolução de Angel Taste of Fragrance, noto que foram adicionadas diversas frutas àquela base tradicional. Destaco na minha percepção olfativa pêssego bem maduro e adocicado, quase em ponto de calda açucarada a se misturar com a nota de cacau em pó. Sinto também um estratégico e bem posicionado maracujá bem azedinho, que funciona como uma ponta de leveza em meio às notas doces e pesadas.

Junto a essas notas frutais, acredito que com outras tantas escondidas, chocolate, caramelo e patchuli formam o velho acorde estelar ao qual nossos narizes já foram exaustivamente expostos (não que isso seja algo ruim, muito pelo contrário). 

Embora linear, é a versão mais próxima do tradicional que consegui me apaixonar, pois traz um equilíbrio em suas notas, com mais sofisticação e de forma menos agressiva. 

Quem está acostumado à projeção monstruosa da versão EDP, pode ficar decepcionado por uma projeção que varia de mediana a rente à pele. Fixação continua digna de um Mugler, com dez horas no total.


Acompanhe as demais resenhas já feitas no especial:

Angel EDP

Angel EDT

domingo, 5 de julho de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenha: Angel Eau De Toilette


Quando a primeira fragrância estelar da casa Mugler foi lançada nos anos 90, trouxe consigo uma miscelânea de opiniões que até hoje se dividem entre amor e ódio. Entretanto, mesmo ousando em cada criação, flankers angelicais foram lançados para todos os gostos, trazendo sempre novos fãs à linha.

Uma característica bem marcante nas versões de perfumes da casa é a capacidade de manter a assinatura da "fragrância-mãe", mas sem que deixem de ter personalidade própria.

Angel Eau De Toilette foi a primeira de uma enorme série de flankers e, na minha opinião, a mais equilibrada delas.

A estrela brilhante que pairava sob nossas cabeças exalando doçuras e requinte se tornou um brilhante cometa, numa embalagem digna de coleção.


Do início ao fim, sinto a nota de patchuli, assinatura estelar, mas aqui ele está mais sóbrio, sem toda aquela robustez do original. Creio que a união dessa nota a um almíscar limpo e o toque amadeirado do cedro ajudaram a construir um acorde que ao mesmo tempo o manteve na proposta da linha e deu à ele personalidade própria. 

Embora as notas citadas acima predominem por toda a evolução, outras se destacam em uma pirâmide olfativa bem mais tímida que a de seu predecessor, mas que não deixa nada a desejar no resultado final. 

Na abertura, limão e pimenta rosa trazem frescor apimentado, mas sem exageros. Em contraste com as notas predominantes, já mostram que se trata de um perfume mais leve, mas não menos exótico e marcante.

Após meia hora o limão some e a pimenta se suaviza. Surge agora um mix de pralinê e cerejas maduras, que por influência do acorde "patchuli-limpo-amadeirado" não são adocicados ao extremo, mas trazem consigo o apelo gustativo. O coração gourmand é extremamente agradável e arranca muitos elogios com uma projeção notável, mas sem invadir o ambiente. Angel Eau de Toilette é daqueles perfumes que forma uma aura ao redor de quem usa e isso traz versatilidade.

Dez horas se passam até que ele se torne basicamente o acorde que citei no início da resenha. Finalmente as notas que estiveram presentes em todos os momentos tomam conta totalmente e casados com uma levíssima baunilha trazem conforto e aconchego com projeção rente à pele, mas notável, por mais três horas.   

O que mais me encanta nessa criação de Thierry Mugler é a certeira proposta de um perfume que representa a beleza de um cometa em aliança com uma fragrância luminosa, equilibrada, bela a marcante. Sem dúvidas um flanker digno e que merece ser conhecido por quem ama Angel, ou não.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Especial Thierry Mugler - Resenha: Angel Eau De Parfum, por Gabriel Villa


Quando moda, ousadia e sofisticação se traduzem em fragrâncias, marcos da perfumaria acontecem. Thierry Mugler não criou apenas perfumes incônicos e flankers de personalidade, mas um estilo único.

Desde que deu o pontapé inicial na onda dos gourmands até hoje, suas fragrâncias sempre fugiram do óbvio, utilizando notas diferenciadas ou dando novas roupagens à notas já consagradas. Sem fazer questão de agradar as grandes massas, suas criações devem ser apreciadas e compreendidas em seu contexto de criação para que a paixão aconteça.

Dentre estrelas magníficas, cometas brilhantes e visitantes de outro mundo, o mês de julho será dedicado à casa Thierry Mugler e seu inigualável catálogo de fragrâncias ímpares.



Uma estrela caída do céu: assim foi como Angel chegou às prateleiras das perfumarias no ano de 1992, em Paris. Os consumidores, ainda vestidos com a moda dos anos 80, e ainda se perfumando com os grandes florais de decote à base de tuberosas, foram pegos de surpresa com aquele frasco, e mais ainda com aquelas notas tão realistas que os faziam cheirar a sobremesas, contrastando com tantas frutas e com o patchouli matador que caracterizava os bons chypres de antigamente. Em Angel Eau de Parfum, tudo parecia muito escandaloso, muito dramático, trazendo assim a perfeita aura oitentista; mas também cheirava muito grotesco, inovador em excesso, chegando ao ponto de causar encantamento e respulsa, ambos em mesma quantidade.

O que vem confinado no icônico frasco de estrela é realmente uma explosão de notas gourmand com outras que, muito pouco provavelmente, funcionariam numa composição. O fato é que em Angel, tudo funcionou muito bem, fazendo daquele lançamento um sucesso futuro. Angel pode mesmo ser chamado de um perfume futurista, visto que dos anos 2000 para cá, tudo o que se lança é Angel, tudo o que se cheira é Angel; eis aí um perfume que dominou o planeta, direta e indiretamente, espalhando suas camadas aromáticas por tudo e todos, por mais tenebroso que isso possa parecer para alguns.

Angel foi idealizado para ser um perfume que lembrasse a infância do estilista Thierry Mugler. Dizem que ele se inspirou no perfume Nirmala de Molinard, usado por sua mãe; dizem também que ele teria se inspirado por um parque de diversões que lhe era familiar quando criança, e o que se pode tirar disso tudo é que um perfume com acordes de algodão doce e maçã do amor pode mesmo existir, para saciar os desejos de uma criança que não cresceu, para baixar as estrelas das constelações e nos iluminar, nos transportar pelas galáxias e nos abrir as portas de lugares imaginários que existem em nossas próprias mentes.

Ao borrifar Angel, meu mundo se torna azul escuro enquanto vejo explosões cósmicas ao meu redor, que me estonteiam com o perfume das mais suculentas frutas e do mais puro mel: sinto o damasco, o melão, a bergamota, enquanto que o mel domina o cenário e traz do nosso subconsciente um forte odor de tabaco, como que um charuto de mel e frutas. A partir daí, começo a sentir o patchouli arrasar minha consciência, me submeter aos seus caprichos e a sua vontade, enquanto que o chocolate escorre de minha pele com caramelo, sendo pontilhado pelo rosa intenso do algodão doce, com muito açúcar queimando na panela, e âmbar no fundo dando a secura e um pouquinho mais de calor. O perfume fica assim, com muito patchouli, com o chocolate a ficar mais amargo, mais em pó, enquanto que a baunilha também se mostra presente lá atrás e a orquídea tenta, sem sucesso, roubar a cena. O patchouli continua segurando tudo, lançando nos nossos narizes também um bocado de vetiver, e dando toda aquela sugestão de musgo de carvalho dos perfumes de outrora. E é por essas e outras que gosto de ver Angel como um bom chypre: uma abertura cítrica e uma explosão de patchouli e musgo (contrastando com notas adocicadas) como um bom chypre sempre foi. Mas aqui, temos um chypre adaptado para os anos 90, com as inovadoras notas gourmand (no lugar das usuais especiarias de antes) e as frutas aquosas dando o marco noventista que viria a ser utilizado depois até a exaustão em outros perfumes.

Se em Habanita de Molinard temos puro aroma de cigarros (com as flores macias e doces), se em Mitsouko de Guerlain sentimos o musgo com pêssego e canela, em Angel temos o sabor de uma xícara de chocolate quente, fumegante, lá no meio daquela brutalidade toda; brutalidade que, diga-se de passagem, dura eternamente em minha pele, e exala de forma a transformar quem o usa num ser celestial, a ser realmente reverenciado.

No entanto, não acho Angel um perfume “ignorante” como dizem; para mim, é um perfume até confortável, aconchegante, quente e macio como um abraço, sem se falar na elegância que projeta no ar. Pode-se fazer um efeito gigantesco e grandioso com apenas gotas, mas pra mim ainda é um efeito reconfortante, gostoso e viciante. E para Thierry Mugler, te considero e te admiro, por ter lançado um perfume de tamanha originalidade, e que soube brincar em ambos os lados, chypre e gourmand, com tamanha genialidade.