quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Resenha: Linha Humor, Natura

Considero a linha Humor um dos maiores acertos da Natura, pois entrega fragrâncias versáteis, urbanas e que embora com um apelo mais jovem, agradam usuários de todas as idades. 

Hoje falarei um pouco sobre os perfumes que possuo da linha e espero ajudar futuros amantes dessas fragrâncias encantadoras.
Humor 1 é de longe a minha fragrância favorita da linha. Embora para muitos possa parecer uma fragrância comum num mar de perfumes com flores e frutas, seu mérito vai para a qualidade das matérias usadas em sua composição (que em momento algum parecem sintéticas ou passam a impressão de "perfume barato") e para o seu desempenho excelente.

Ao borrifá-lo na pele, sinto logo pêra suculenta e um toque azedinho dos cassis. O almíscar e seu "toque de limpeza" também surge aqui e passa aquela impressão de "cheiro de xampú" que ao meu ver o torna versátil e confortável.

Ao longo da evolução a fragrância não muda muito, apenas são acrescidas às notas de abertura um toque sutil de jasmim e um fundo um pouco mais amadeirado do sândalo.

Sua fixação é de impressionantes oito horas em mim e sua projeção varia de intensa nas duas primeiras horas, passando a mediana e ficando mais rente à pele durante a evolução. Mesmo com seu início mais forte, não incomoda e rende sempre muitos elogios.


Humor 5 e eu temos um caso de amor e ódio. Embora eu adore a sua fragrância e considere sua fixação ótima para uma colônia, sua projeção deixa a desejar e transforma o que poderia ser um perfume marcante, em algo mais delicado e aconchegante.

Em contato com minha pele, sinto logo uma explosão de cerejas, morangos e framboesa que estão no auge de sua maturação e doçura. Essas notas trazem consigo um toque meio artificial que me remete logo à xarope infantil (o que pra mim não é ruim, tendo em vista que amo tal cheiro).

Das notas florais listadas oficialmente, não sinto nem vestígio. Após algumas horas surge apenas uma cremosa baunilha que quebra um pouco a monotonia "enxaropada" que reinava desde a abertura.

Antes que alguém pergunte, um perfume que lembra xarope infantil pode sim ser marcante de uma maneira positiva (fiz uma pesquisa e isso foi unânime entre os chegados), mas sua projeção intimista faz dele aconchegante, ideal para aqueles dias frios em que você busca conforto. Uma ressalva vale aqui sobre sua ótima fixação, que chegou a seis horas.

Segundo lugar em meu ranking da linha, Humor no Ar foi uma aquisição descompromissada que me encantou. Embora siga a antiga e aclamada linha de combinação entre flores e frutas, aqui traz um frescor todo alegre e especial para aqueles dias mais quentes e atividades casuais.

É incrível sentir sua abertura rica em frutas e distinguir ali no meio uma boa parte delas. Sinto principalmente cítricos, uma ameixa levemente azeda e um maduro e surpreendente damasco que foi definitivamente o que me fisgou. 

Essa abertura dura por uma deliciosa hora que é sucedida por um coração floral e agradável. Sinto bem distintamente gardênia (flor que muito aprecio em perfumes), um toque de jasmins e presença sutilmente talcada de íris que me remete a um aspecto "geladinho".

Por fim, o que resta na pele com a fragrância já rente é um fundo amadeirado de sândalo e cedro combinado com baunilha aconchegante.

Basicamente, em suas cinco horas de evolução, essa fragrância passa por etapas frutal, floral e amadeirada que trazem conforto e descontração para atividades ao ar livre, programas casuais e dias quentes.


Quando foi lançado, li críticas negativas de várias pessoas sobre Humor Perfeito, mas confesso que embora não seja nenhuma inovação e nem meu favorito da linha, é sim um bom perfume.

Sua abertura é dominada pela junção entre amora, framboesa e mirtilo. Diferentemente do que acontece em Humor 5, aqui elas estão in natura e me parecem deliciosamente maduras.

Essa abertura permanece apenas frutal por pouco tempo, até que entra em cena uma violeta talcadas e "gelada" que me remete aos meus amados Insolence de Guerlain. Claro que passa longe da complexidade destes, mas foi inspirado certeiramente neles, em minha opinião.

Esse "talco" de frutas vermelhas dura por algumas horas exalando de forma mediana, arrancando até elogios por aí. Mais tarde ela dá lugar a um fundo mais adocicado e aconchegante de baunilha e praline.

Com seis horas de fixação e projeção mediana, creio que tenha sido feito para agradar e ao contrário do que li por aí, não achei o mais comum dos perfumes e considero que deve sim ser conhecido e quem sabe amado por você.


Antes de ser mais antenado com perfumes, usei três frascos de Paz e Humor. Lembro que, embora fosse um perfume fresco, era aquilo que eu precisava para me acompanhar por todo o dia de trabalho ou passeio. Hoje, no meu quarto frasco, vejo que perdeu um pouco de sua fixação e projeção, mas continua uma boa lembrança que posso usar em dias mais quentes.

Basicamente, a abertura da fragrância consiste em uma mistura de cítricos com uma levemente amarga flor de laranjeira. Quando essa abertura perde destaque, sinto um coração alavandado que em mistura com as notas anteriores traz conforto e sensação de limpeza e frescor.

Por fim, ao final da evolução de (agora) pobres três horas, resta na pele uma lembrança de lavanda com fundo amadeirado rente à pele.

Agradável, é triste ver que foi reformulado e perdeu sua força, mas ainda é uma boa opção para os cada vez mais quentes verões do nosso país ou para aqueles dias em que você não quer incomodar ninguém e se sentir confortável.



sábado, 3 de outubro de 2015

Resenha: La Vie Est Belle Eau de Parfum, Lancôme


Quando comecei a apreciar perfumes, iniciei também uma saga para encontrar aquela fragrância que "caísse como uma luva" ao meu olfato e que eu me apaixonasse perdidamente ao sentir. Confesso que foi difícil encontrar alguma assim e que no meio do caminho me apaixonei por tantas outras, mas no fim a minha "alma gêmea perfumística" era o encantador La Vie Est Belle da grife francesa Lancôme.

Quando vi seu comercial com a linda Julia Roberts e seu sorriso avassalador a curiosidade bateu alto, mas foi ao comprá-lo (às cegas) que o amor aconteceu. Que perfume!

Lançado em 2012, foi concebido após inúmeros testes de combinações entre notas ao longo de anos, que resultaram em um perfume diferenciado, mesmo estando dentro de um amplo nicho gourmand que está em plena ascenção dentre os lançamentos dos últimos tempos.

A quem esteja lendo pode soar "inadequado" dizer que um perfume de tendência próxima a inumeros outros lançamentos seja diferenciado, mas justifico minha colocação destacando a qualidade impecável das matérias utilizadas em sua composição, seu desempenho invejável em praticamente todas as peles e a principal diferença de todas: a mutabilidade em cada pessoa.

Ao falarmos de La Vie Est Belle com as pessoas que o usam, ouvimos dos mais variados comentários, que vão desde "doce de doer os dentes" até "suave demais", passando por "parece um talco doce" e "só sinto frutinhas adocicadas". Todos esses comentários podem parecer desconexos ao levarmos em conta que são sobre o mesmo perfume, mas mostram como ele se comporta de maneira bem distinta para cada um que o sente. Essa mudança é até normal em toda fragrância, mas as mutações sofridas pelo Lancôme são notórias.

Dito isto, falarei sobre a minha percepção, que pode não ser a de muitas pessoas, mas servirá para algumas pessoas terem certa expectativa ao sentí-lo.


Ao borrifá-lo em minha pele, sinto logo uma mistura suculenta de peras e e groselha preta levemente adocicadas e rodeadas por uma aura de íris, aqui com seu habitual "cheiro de batom", mas sem se sobressair, apenas como segundo plano mesmo. Essa abertura tem projeção mediana e ao longo da meia hora em que prevalece, pode passar uma imagem de perfume inofensivo, até que as notas que realmente constroem a personalidade do La Vie Est Belle dão o ar da graça.

É quase uma explosão! Daquela abertura frutal, surgem de uma vez só fava tonka, baunilha, o incrível e delicioso praline e um ardido, porém secundário patchuli. Trocando em miúdos, a mistura dessas notas me faz lembrar açúcar caramelado com um toque de amêndoas e um fundo levemente ardido, que contrasta com as notas adocicadas e mantém a fragrância equilibrada.

Na lista oficial de notas encontramos jasmim e flor de laranjeira, mas honestamente não as sinto. Creio que fiquem sufocadas pelas demais notas e acabam escapando ao meu olfato. 

Esse coração da fragrância permanece em evidência por longas e excelentes dezoito horas, exalando agora de forma intensa. É incrível o quão longe chega a silagem de La Vie Est Belle e na quantidade de elogios que já recebi ao usá-lo.

As últimas seis horas de vida da fragrância são marcadas por baunilha com uma pegada mais aconchegante e o toque de talco da íris que volta agora dominando. Esse talco doce, embora agora mais contido, ainda exala ao me mexer e é notável quando as pessoas chegam mais perto.

Como disse no início, La Vie Est Belle passa diferentes percepções em diferentes pessoas e por isso é uma experiência praticamente única, entretanto, creio que todas tendem a ser deliciosamente positivas. 

Embalado em um frasco que brinca com a ideia de um sorriso translúcido e ostenta seu lencinho francês no "pescoço", pode ser copiada, parecida, mas é única em sua qualidade, personalidade e em como me faz sentir que realmente a vida é bela.








Aproveito para agradecer a marca de dez mil acessos alcançada na última semana pelo blog, que se tornou não só o meu cantinho, mas o de vocês também! Obrigado por cada visita, cada comentário e por estarem sempre por aqui. 

Um abraço,

Felipi